Foto do arquivo: Juliana Santos |
Por Gisele Rocha*
“Acessibilidade é um atributo essencial do ambiente que garante a melhora da qualidade de vida das pessoas. Deve estar presente nos espaços, no meio físico, no transporte, na informação e comunicação, inclusive nos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como em outros serviços e instalações abertos ao público e de uso público, tanto na cidade, quanto no campo”. Esse texto esta no site da secretária da pessoa com deficiência do governo federal, mas não condiz com a realidade da acessibilidade para pessoas com deficiência do nosso país.
As cidades estão até tendo boa vontade e “quebrando o galho”, mas só isso não basta. Ontem enquanto eu navegava nas redes sociais, vi uma publicação que me despertou a vontade de escrever sobre esse tema. A Juliana Santos é estudante do curso de assistência social e conselheira tutelar da cidade do Rio de Janeiro, ela tem nanismo e está fazendo um projeto de pesquisa voltado para acessibilidade nos transportes públicos. A Juliana tirou fotos que mostram o despreparo dos trens da Supervia, Mêtro Rio e dos ônibus. De acordo com o Art 53 da Lei Brasileira de Inclusão, a acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social.
No caso do nanismo, deficiência que vivo com a minha filha diariamente, o espaço entre o trem e a plataforma é inadequado, trazendo perigo de vida para a pessoa com baixa estatura e encurtamento dos membros, assim como falta de cinto de segurança e o espaço entre os bancos dos ônibus. Na semana passada, andei pelas ruas do centro do Rio com a presidente da Associação de Nanismo do RJ (ANAERJ), Kenia Maria Rio, que também tem essa deficiência, e pude observar a dificuldade dela para perambular pelo local. Meios-fios altos demais, ruas com paralelepípedos, locais estratégicos sem rampas, muitos degraus sem necessidade e outros detalhes que só quem vive o dia a dia, sabe o que é. É quase impossível uma pessoa com deficiência sair de casa hoje em dia.
Precisamos fazer com que a Lei seja cumprida, fazendo valer o direito de ir e vir de todo cidadão, com estudos ergonômicos, urbanísticos para adequar os espaços para todos. Não só nas ruas, mas também em estabelecimentos, prédios públicos e privados, escolas, faculdades, locais de lazer, hospitais, conscientizando a sociedade sobre a acessibilidade de fato. Fico pensando pra que mundo irei entregar minha filha, quando ela tiver idade de andar por essas ruas de caos sem acessibilidade.
Por mais rampas, por menos meios- fios, por mais sensibilidade, por mais amor, por mais educação, por menos preconceito.
*Gisele Rocha, 29 anos, Jornalista, presidente da Inclusiva Comunicação e Assessora de Imprensa da Secretaria da Pessoa com Deficiência e dos Idosos de Mesquita- RJ. Casada, mãe da Anna Beatriz (6) e da Luiza Vitória (4), a última com deficiência, Displasia Diástrofica (caso raro de nanismo). Quem quiser dar alguma opinião ou indicar algum assunto pode enviar um email para inclusivacomunicacao@gmail.com
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