sábado, 26 de abril de 2025

Morte da atriz Lúcia Alves aos 76 anos alerta sobre os desafios do câncer de pâncreas

Doença que vitimou a artista é diagnosticada tardiamente em 85% dos casos e apresenta sintomas específicos apenas em estágios avançados; especialista explica dificuldades do diagnóstico precoce e avanços no tratamento


Lúcia Alves atuou em diversas novelas. Foto Divulgação/TV Globo


A atriz Lúcia Alves, conhecida por seus papéis em novelas como "Irmãos Coragem" e "O Cravo e a Rosa", faleceu na noite de quinta-feira (24) aos 76 anos, em decorrência de um câncer de pâncreas. A confirmação veio da Casa de Saúde São José, onde estava internada no Centro de Terapia Intensiva desde 14 de abril.

No início deste ano, Lúcia falou abertamente sobre o tratamento da doença, diagnosticada em 2022: "Uma vez por semana vou ao hospital fazer quimioterapia. Aí fico cansada no dia seguinte, mas depois normaliza." A atriz também demonstrou sua atitude positiva em relação ao diagnóstico: "A melhor coisa é aceitação. Quando você compreende isso e aceita as coisas, tudo se modifica e fica melhor".

O câncer de pâncreas é conhecido por sua agressividade e dificuldade de diagnóstico precoce. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 10.980 novos casos da doença em 2025, que afeta proporcionalmente mulheres e homens.

"Nos estágios iniciais do câncer de pâncreas, pode não haver sintomas perceptíveis. Conforme o tumor cresce, os sintomas podem incluir perda de peso não intencional, perda de apetite, fadiga, dor na parte superior do abdômen com irradiação para as costas e, em alguns casos, sinais de obstrução biliar como icterícia, fezes claras ou urina escura”, explica Mauro Donadio, oncologista da Oncoclínicas&Co.

Diagnóstico tardio representa desafio 

Um dos grandes problemas relacionados ao câncer pancreático é que apenas 10% a 15% dos casos são diagnosticados em estágios iniciais, o que diminui as chances de cura.

"Infelizmente, o câncer de pâncreas é difícil de detectar e diagnosticar precocemente e, na maioria das vezes, o diagnóstico é feito após investigação de queixas do paciente", pontua Donadio. "Esse diagnóstico mais tardio acontece por alguns motivos: não há sinais ou sintomas específicos nos estágios iniciais; os sinais, quando presentes, são semelhantes aos de muitas outras doenças; e a localização do pâncreas faz com que ele seja obscurecido por outros órgãos no abdômen, sendo difícil de visualizar claramente em exames de imagem. Além disso, o câncer de pâncreas é um dos mais agressivos dentre os tumores do aparelho digestivo, e sua progressão de um estágio inicial para um mais avançado pode ser muito rápida".

Novas técnicas diagnósticas têm surgido para tentar detectar a doença em fases mais precoces. Uma delas é a biópsia líquida, um método menos invasivo que permite detectar fragmentos do material genético do tumor em exames de sangue. "As principais vantagens das biópsias líquidas incluem sua invasividade mínima e repetibilidade, permitindo avaliações dinâmicas para auxiliar no diagnóstico, particularmente detecção precoce, estratificação de risco, monitorização e medicina de precisão em câncer, incluindo o de pâncreas, mas ainda não temos acesso a essa tecnologia de forma validada na prática clínica para tumores pancreáticos", destaca o oncologista da Oncoclínicas&Co.

Sobre os fatores de risco relacionados a tumores de pâncreas, o Dr. Mauro Donadio cita tabagismo, etilismo, obesidade, histórico familiar e pancreatite crônica como fatores associados ao aumento das chances de desenvolvimento deste tipo de câncer. Para reduzir os riscos, ele recomenda evitar o consumo de bebidas alcoólicas, praticar atividades físicas regularmente, manter uma dieta equilibrada rica em frutas, vegetais e grãos integrais, manter um peso saudável e evitar fumar. Existem ainda casos associados a mutações genéticas hereditárias, como mutação do gene BRCA, e essa discussão é sempre importante ter com os pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas.

O tratamento, mesmo que em estágios iniciais operáveis, invariavelmente vai demandar quimioterapia e uma boa notícia é que modernizações dos protocolos com drogas mais eficazes e toleráveis em breve estarão disponíveis também no Brasil.

Carreira marcante

Lúcia Alves estreou na televisão em 1969 e construiu uma carreira de mais de 60 anos, destacando-se por sua versatilidade. Além de "Irmãos Coragem" e "O Cravo e a Rosa", a atriz também participou de produções como "Barriga de Aluguel", "Ti Ti Ti", "Pecado Rasgado", "Plumas e paetes" (como a inesquecível Veroca), "Sob Nova Direção" e "Joia Rara", seu último trabalho na Globo em 2013. Estava afastada da TV desde 2015, quando participou da série "República do Peru", da TV Brasil.

Sobre a Oncoclínicas&Co

Oncoclínicas&Co é o maior grupo dedicado ao tratamento do câncer na América Latina, com um modelo hiperespecializado e inovador voltado para a jornada oncológica. Com um corpo clínico formado por mais de 2.900 médicos especialistas em oncologia, a companhia está presente em 40 cidades brasileiras, somando mais de 140 unidades. Com foco em pesquisa, tecnologia e inovação, o grupo realizou nos últimos 12 meses cerca de 682 mil tratamentos. A Oncoclínicas segue padrões internacionais de excelência, integrando clínicas ambulatoriais a cancer centers de alta complexidade, potencializando o tratamento com medicina de precisão e genômica. Parceira exclusiva no Brasil do Dana-Farber Cancer Institute, afiliado à Harvard Medical School, adquiriu a Boston Lighthouse Innovation (EUA) e possui participação na MedSir (Espanha). Integra ainda o índice IDIVERSA da B3, reforçando seu compromisso com a diversidade. Com o objetivo de ampliar sua missão global de vencer o câncer, a Oncoclínicas chegou à Arábia Saudita por meio de uma joint venture com o Grupo Al Faisaliah, levando sua expertise oncológica para um novo continente. Saiba mais em: www.grupooncoclinicas.com.


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