Estado do Rio comemora a retomada de transplantes aos patamares pré-pandemia
Setembro encerra com o verde da esperança, com a retomada dos transplantes aos patamares anteriores à pandemia. De janeiro a julho deste ano, já foram realizados 1.528 transplantes, o que corresponde a 61,5% do total feito em 2019. Com o objetivo de diminuir o tempo de espera e potencializar o número de doações, a campanha Setembro Verde, alusiva ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado nesta terça-feira (27), vem promovendo ações de conscientização. Entre elas, a iluminação em verde do Monumento ao Cristo Redentor, a partir das 19h.
O Programa Estadual de Transplantes, vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, é responsável por todo o processo de doação e transplantes de órgãos, além de capacitação da rede de apoio, tornando-se referência no país. Para isso, foram adotadas estratégias como credenciamento de novos centros transplantadores, treinamento de equipes transplantadoras, capacitação para melhorar o acolhimento às famílias enlutadas e a sensibilização da população para a doação de órgãos.
O programa investiu, ainda, na implantação de três Coordenações Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes com dedicação exclusiva, que funcionam no Hospital Estadual Getúlio Vargas, no Hospital Estadual Alberto Torres e no Hospital Adão Pereira Nunes. Além disso, há 80 comissões instituídas em outros hospitais públicos e privados. Esta iniciativa proporcionou um contato direto entre os médicos que cuidam de possíveis doadores e os familiares desses pacientes. As medidas fizeram com que o estado saísse dos últimos lugares do ranking nacional para ocupar as primeiras colocações (3º lugar em doação em número absoluto) no país.
Um novo Jardim do Doador
Na última sexta-feira (23), foi aberto o Jardim do Doador de Órgãos do Hospital Estadual Roberto Chabo, em Araruama. O espaço segue o mesmo formato do Jardim do Doador do Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo, criado em 2013, após ser idealizado pelo psicólogo Luiz Antônio da Silva para acolher e confortar famílias que decidem doar órgãos de parentes. Por meio de um plantio de mudas de jasmim, o projeto busca transmitir a mensagem de que a doação, da mesma forma que as plantas, pode dar frutos e flores.
"Quando uma família diz 'sim' à doação de órgãos, ela proporciona uma segunda chance de vida para outras pessoas. E para eternizar esse ato de amor, foi criado o jardim", diz o psicólogo. "É um espaço reservado para as famílias, simbolizando a coragem que elas tiveram ao decidir pela doação de órgãos. É um espaço onde a sociedade pode se afagar e se alentar, num momento tão complexo para todos nós!".
As histórias de famílias que doaram órgãos de parentes ganham materialidade e simbolismo nas mudas plantadas nos jardins. Para a técnica de enfermagem Renata de Oliveira, de 46 anos, visitar a muda de jasmim plantada no espaço em São Gonçalo, há cerca de um ano, por ela, pelas duas filhas e pela neta, é uma oportunidade de se sentir em contato com o filho Pedro. Ela conta que a iniciativa da doação de órgãos partiu dela, que recebeu apoio e acolhimento da equipe do hospital quando o filho morreu após um acidente de moto, em agosto de 2021.
"Com seus órgãos, ele salvou oito vidas e, com a pele, ajudou umas 50 pessoas. É a continuação da vida. Ele não está mais com a gente, mas sabemos que ainda está fazendo o propósito dele, porque todos nós temos um propósito na vida", disse Renata, acrescentando que ficou emocionada ao ver o pé de jasmim crescido depois de 12 meses. "É aquela sensação de que a vida continua. A consciência de que ajudamos outras famílias".
Números em alta
De janeiro a julho de 2022, foram realizados 1.528 transplantes, sendo 491 órgãos sólidos, 102 de medula óssea, 308 de córnea, 55 de esclera e 572 tecidos músculo esqueléticos. Em todo o ano de 2021, foram 2.468 transplantes, número superior ao registrado em 2020, que fechou em 1.936, o mais baixo da série, especialmente após a recomendação do Ministério da Saúde para adoção de critérios mais rigorosos para evitar o contágio do coronavírus. Em 2019, 2.481 transplantes foram registrados.
Como ocorre a doação
O passo principal para que órgãos e tecidos sejam doados após a morte é conversar com a família e deixar claro o desejo de ser doador. A doação só ocorre mediante a autorização dos parentes próximos. Rins, pâncreas, córneas, válvulas cardíacas, pele, osso, coração, esclera (o branco do olho), pulmão e fígado são possíveis de serem transplantados. Mais informações podem ser obtidas pelo Disque Transplante 155.
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