quinta-feira, 6 de março de 2025

Dia Internacional da Mulher: como a desigualdade de gênero afeta o diagnóstico de autismo em mulheres?

Especialista destaca que estereótipos de gênero contribuem para que os sinais do TEA passem despercebidos


Foto: Freepik


O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é um momento de reflexão não apenas sobre conquistas e desafios, mas também sobre as diversas experiências femininas, como a vivência das mulheres autistas.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas. No entanto, essa estatística está diretamente relacionada a fatores como diferenças genéticas, papéis de gênero e um histórico de subdiagnóstico feminino na medicina.

“Ainda há uma grande desinformação sobre o autismo, e quando falamos de mulheres no espectro, o tema se torna ainda mais negligenciado. O caminho das mulheres autistas é marcado por desafios específicos, desde o diagnóstico tardio ou equivocado até dificuldades no mercado de trabalho e na vida pessoal. Precisamos trazer esse debate à tona constantemente”, afirma a psicóloga Thalita Possmoser, Vice Presidente Clínica da Genial Care

Isso acontece principalmente porque muitas vezes as meninas não se encaixam na maioria dos estereótipos do transtorno e tendem a mascaram seus sintomas muito mais do que meninos.

Ser mulher autista: um desafio invisível

Mulheres autistas enfrentam dificuldades no diagnóstico precoce devido à camuflagem social – um fenômeno no qual elas aprendem a imitar comportamentos socialmente aceitos, o que pode mascarar os sinais de autismo.

Na infância e adolescência, seus sintomas costumam ser interpretados de acordo com expectativas de gênero. Por exemplo, hiperfoco pode ser visto como sinal de inteligência, enquanto dificuldades de socialização e comunicação são frequentemente confundidas com timidez ou sensibilidade excessiva.

Para Thalita, os estereótipos de gênero na infância contribuem para que os sinais do TEA passem despercebidos. “Na vida adulta, esses sintomas podem se acumular e levar a quadros de ansiedade e depressão”.

Pesquisas recentes destacam a complexa relação entre depressão e autismo em mulheres. Estudos indicam que mulheres autistas têm maior propensão a desenvolver depressão e ansiedade ao longo da vida. Um estudo publicado no Journal of Abnormal Child Psychology revelou que indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são quatro vezes mais propensos a sofrer de depressão ao longo da vida em comparação com indivíduos neurotípicos. 

O diagnóstico, portanto, se torna ainda mais complexo. “Meninas muitas vezes não se encaixam nos estereótipos tradicionais do autismo, o que faz com que seus sintomas sejam mais sutis e camuflados. Isso impacta diretamente a identificação do TEA. O diagnóstico tardio contribui para o aumento da depressão em mulheres autistas. Devido a estereótipos de gênero e à manifestação diferenciada dos sintomas, muitas mulheres só recebem o diagnóstico na idade adulta, após anos enfrentando desafios sociais e emocionais sem a devida compreensão. Essa demora no reconhecimento do TEA pode resultar em sentimentos de inadequação e isolamento, agravando quadros depressivos” a Vice- Presidente Clínica da Genial Care.

Camuflagem social e seus impactos

A camuflagem social envolve estratégias para esconder traços autistas e se adaptar às normas sociais. Pesquisas indicam que mulheres, por serem mais pressionadas desde cedo a se comportarem de maneira “adequada” acabam ocultando características do autismo por anos.

Nos relacionamentos, a camuflagem pode dificultar o reconhecimento de padrões de interação prejudiciais. Dificuldades de compreensão social e comunicação podem resultar em isolamento ou até maior vulnerabilidade a relações abusivas, uma vez que muitas mulheres autistas têm dificuldade em identificar comportamentos manipuladores ou estabelecer limites saudáveis. 

“Sem um diagnóstico ou apoio especializado, muitas acabam sofrendo em silêncio, sem entender as razões de suas dificuldades e sem acesso às ferramentas para lidar com elas”, Thalita Possmoser. 

Como é ser mulher autista no mercado de trabalho?

No mercado de trabalho, a inclusão ainda é um desafio – muitas empresas não reconhecem as necessidades das mulheres autistas e falham em oferecer suporte adequado. O estudo Mulheres Inserção no mercado de trabalho, realizado pela Dieese, revela que o Brasil contava com 90,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,8 milhões faziam parte da força de trabalho. Já o levantamento da Organização Pan-Americana de Saúde aponta que 70% dos trabalhadores do setor de saúde e social são mulheres.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 85% dos autistas estão fora do mercado de trabalho. Embora a Lei 8.213/91 estabeleça cotas para a contratação de pessoas com deficiência em empresas com 100 ou mais funcionários, o autismo muitas vezes não é reconhecido como uma deficiência pelos recrutadores, dificultando o acesso a essas oportunidades.

“Participei de um processo seletivo há alguns anos já, para uma vaga em uma grande empresa e quem fez esse processo seletivo foi uma empresa terceirizada, especializada no recrutamento e seleção de pessoas com deficiência. Fui muito bem na entrevista, a recrutadora, super me elogiou, mas eu nunca tive retorno dessa vaga. Não tive qualquer sequência, depois de um tempo em contato novamente com essa empresa, a pessoa que me atendeu ali não sabia que sou autista. Perguntei sobre como eles lidam com currículos, com perfis de pessoas autistas para as vagas de PDC para grandes empresas. E ela me falou que eles não consideram pessoas autistas para as vagas,” relata a autista e TDAH, creator e palestrante, co-fundadora do Meu Mundo Atípico Club com foco em autismo para adultos, Tabata Cristine, que comentou o ocorrido durante sua participação no 2º Congresso Extraordinário da Genial Care e Revista Autismo.

Rede de apoio para mães atípicas: onde ela está?

Muitas mulheres autistas enfrentam dificuldades para acessar redes de cuidado, especialmente quando recebem o diagnóstico na vida adulta ou precisam de suporte para seus filhos atípicos, lidando com sobrecarga emocional e estrutural.  

O levantamento “Cuidando de quem cuida: um panorama sobre as famílias e o autismo no Brasil”, promovido pela Genial Care, revelou que 86% dos cuidadores de crianças com TEA são mães, e 47% delas sentem culpa pela condição do filho. 

pesquisa “Retratos do Autismo no Brasil”, também da Genial Care, mostrou que, dentro da amostra de pessoas autistas, 24,2% são, também, pessoas cuidadoras, o que significa que estão no espectro e também são responsáveis por uma criança com o diagnóstico. Das pessoas respondentes, 65% se identifica como gênero feminino, maioria com faixa etária entre 25 e 34 anos (33%). 

Assim, além de serem maioria na rede de apoio, as mulheres que são mães atípicas enfrentam desafios dobrados ao equilibrar vida pessoal, carreira e os cuidados com filhos também atípicos.

Mais inclusão para todas as mulheres

Neste Dia da Mulher, é essencial ampliar o debate sobre mulheres neurodivergentes e promover mudanças estruturais para que elas sejam reconhecidas, compreendidas e incluídas em todas as esferas da sociedade.

A maioria das mulheres estão mais expostas a situações sociais e são forçadas a se comportarem de forma “adequada” desde muito cedo, fazendo com que muitas características do TEA sejam ocultadas nesse processo.

Por isso a importância da inclusão e representatividade quando falamos em mulheres autistas, para que cada vez mais diagnósticos e intervenções precoces sejam feitas, ajudando a mudar essa realidade e garantir que todas elas consigam desenvolver suas habilidades da melhor forma possível.

Promover a conscientização sobre o transtorno, criar espaços seguros e incentivar a comunicação aberta e honesta são formas de ajudar mulheres autistas a expressarem suas necessidades e desafios.

“A conscientização e a criação de políticas públicas voltadas para esse grupo são passos fundamentais para um futuro mais igualitário e acessível para todas. Nosso desejo é que datas como essas se tornem um marco para a construção de um mundo mais inclusivo, onde todas as mulheres possam viver com dignidade, respeito e oportunidades reais”, finaliza Thalita

Genial Care
Genial Care é uma rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias. Com várias clínicas em todas as regiões de São Paulo, a empresa combina modelos terapêuticos próprios, suporte educacional e tecnologia avançada para promover bem-estar e qualidade de vida no processo de intervenção. Com uma equipe dedicada de mais de 250 profissionais, a Genial Care tem como propósito garantir que cada criança alcance seu máximo potencial.  Saiba mais: Site / YouTube / Instagram / Facebook / LinkedIn 

 

Dia Internacional da Mulher: Um alerta sobre os impactos de abusos e negligências na infância

Em ficção, Maria Tereza Alvim narra a história de irmãos que fogem em busca de uma vida melhor após sofrerem violências



Protagonista de O peso do silêncio, Madalena lida com uma série de tragédias repentinas que impactam sua família, a mais tradicional de uma cidade no interior de Minas Gerais. Após a mãe abandonar os filhos por causa de um casamento conturbado e o pai falecer de uma doença, ela e os três irmãos caçulas se tornam órfãos. Sem a chance de escolher o próprio futuro, os quatro são separados e passam a morar com diferentes pessoas da região.

A obra escrita por Maria Tereza Alvim foca nas histórias dessas crianças que se tornam alvos de inúmeras violências. Os mais novos sofrem maus-tratos psicológicos e físicos das famílias adotivas, enquanto a primogênita enfrenta abusos sexuais do homem com quem é obrigada a viver. Assustada, ela confidencia o problema a uma amiga, mas não sabe o que fazer porque seu abusador detém grande influência entre os moradores. Com poucas alternativas, os irmãos fogem da cidade sem deixar rastros.

A narrativa é dividida em duas perspectivas: a da melhor amiga de Madalena, que mostra os impactos do vazio existente depois do desaparecimento; e a da própria personagem principal, ao relatar as experiências quando encontra um novo lar. À medida que são acolhidos por uma mulher gentil, tragédias continuam a acontecer ao redor dos jovens.

Eu já não tinha muita razão para sorrir e não escondia isso de ninguém, mesmo assim acabei caindo nas graças da Mirtes. Não ligava para mais nada, e, para mim, pouco importava o tempo que teríamos que passar naquele posto de gasolina. Tudo parecia melhor do que a vida que estávamos vivendo em Santo Antônio. Mas confesso que também havia gostado da Mirtes logo de cara. Aquela matrona sabia como cativar as pessoas e sempre tinha uma palavra carinhosa para me tirar do meu estado de apatia. (O peso do silêncio, p. 43-44)

Com essa publicação, a autora busca dar visibilidade a situações comuns em todos os lugares do Brasil, mas que costumam ser guardadas em silêncio pela sociedade. Para mostrar como esses traumas nunca são esquecidos, passado e presente se entrelaçam no livro e revelam as dificuldades vividas pelos personagens em diferentes momentos devido à violência.

Mais que um alerta sobre as consequências dos maus-tratos contra crianças, o livro ressalta a importância de ressignificar os conceitos de família e o poder do acolhimento para curar a dor. Maria Tereza Alvim explica: "meu propósito é abordar temas sensíveis de forma fictícia, reflexiva e com impacto emocional. Quero criar narrativas para dar voz a experiências humanas, mesmo que sejam dolorosas, promovendo a conscientização”.

FICHA TÉCNICA

Título: O peso do silêncio
Subtítulo: Revelações de histórias que nunca foram esquecidas
Autora: Maria Tereza Alvim
ISBN: 978-65-5074-192-1
Páginas: 122
Preço: R$ 42,50 (físico) | R$ 25,80 (e-book)
Onde comprar: Amazon

Sobre a autora: Apaixonada por arte e literatura, Maria Tereza Alvim é escritora, contadora de histórias e artesã. Mineira criada no interior, trabalhou por décadas como secretária e redatora no Palácio dos Despachos do Governo do Estado de Minas Gerais. Também foi assessora-interina de imprensa na Prefeitura de Viçosa. Viúva e mãe de três filhos, aprendeu a ressignificar cada fase da vida com resiliência e leva esses conhecimentos para a escrita. Agora, estreia como romancista com o livro O peso do silêncio.

Redes sociais da autora:

Instagram: @mundo.datereza
Linkedin: Maria Tereza Carreira Alvim Artiaga

Site da autora: https://mundodatereza.com.br/


terça-feira, 4 de março de 2025

Dica de livro: Desafios e dilemas de uma jovem em início de carreira

O romance "Bastidores" conta a história de uma publicitária recém-formada que enfrenta dificuldades profissionais e ressignifica a ideia de sucesso em um ambiente competitivo



Nenhuma carreira é linear. Aquele sonho de se formar, conseguir um bom emprego logo no começo e “subir a escada” corporativa raramente se concretiza, então novos planos precisam ser feitos no caminho. Essa é a realidade do mercado de trabalho, e é também o que a publicitária Lua vivencia em Bastidores. Escrito por Analice Malheiros, o livro narra inseguranças, aprendizados e obstáculos enfrentados por jovens profissionais de diferentes áreas.

A obra acompanha a jornada de uma protagonista que precisa lidar com as frustrações do mundo corporativo. Aos olhos externos, ela parecia ter conquistado grandes metas: depois da faculdade, tornou-se diretora de criação de uma agência de publicidade. Mas o cotidiano era muito diferente de como sonhava, porque a criatividade – sua principal habilidade – parecia não ser tão importante para a empresa.

Lua tinha um sério problema com as segundas-feiras. Já ao se levantar, as mãos suavam muito porque realmente temia encarar os desafios da semana inteira. Durante alguns anos, fez terapia. Amenizou, mas a angústia continuava firme em seus pensamentos e pressionando seu peito. Não eram raras as vezes em que precisava deitar no chão para tentar respirar e recuperar a sanidade. Um desespero que tomava conta de todo o seu corpo, apertando cada músculo de forma bruta e cruel. Uma sensação que não desejava para ninguém. (Bastidores, p. 14)

Além das decepções com a carreira, Lua enfrenta diferentes desafios, como a pressão de provar seu valor em um ambiente competitivo, crises financeiras, síndrome do impostor, problemas em relacionamentos e as dificuldades de ser mulher no mercado de trabalho. Os conflitos dela assemelham-se com o de todos aqueles que, entre as adversidades, precisam descobrir os próprios conceitos de sucesso e felicidade na profissão.

Porém, diante de uma oportunidade que a fará seguir no rumo da produção cultural, a protagonista vai perceber que as vitórias não são apenas aquelas conquistas visíveis citadas em um currículo. O êxito está, também, nas amizades, no amadurecimento pessoal e na determinação de seguir em frente apesar dos obstáculos.

Como publicitária, produtora cultural e empreendedora, Analice Malheiros constrói uma história fiel à realidade sobre a importância de se reinventar e da resiliência em tempos difíceis. “Quero mostrar que o sucesso não é apenas o resultado visível, mas também o fruto das lutas, das quedas e das superações que muitas vezes permanecem escondidas. Minha intenção é inspirar outras mulheres a enfrentarem desafios com coragem e a enxergarem cada obstáculo como uma oportunidade de crescimento”, afirma a autora.

FICHA TÉCNICA

Título: Bastidores
Autora: Analice Malheiros
ISBN: 6550741858
Páginas: 204
Preço: R$ 42,50
Onde comprar: Amazon 

Sobre a autora: Analice Malheiros é publicitária, produtora cultural e diretora de uma agência de comunicação. Com décadas de experiência, ela desenvolve projetos para promover educação e acesso à cultura, além de contribuir para fortalecer a presença feminina no mercado. Pós-graduada em Comunicação e Marketing, com MBA em Marketing, Lançamentos Digitais e Redes Sociais e Certificação Internacional pela DMI em Marketing Digital, estreia na literatura com o livro Bastidores, que reflete sobre as dificuldades dos jovens em início de carreira e a importância de ressignificar os sucessos na jornada profissional.

Redes sociais da autora:

Instagram: @analicemalheiros
Facebook: /analice.malheiros


segunda-feira, 3 de março de 2025

Evitar excessos é o segredo para chegar bem-disposto ao fim do carnaval, segundo especialistas do HSPE

Ideal é descansar nos últimas dias do feriado, a fim de voltar à rotina disposto e focado


Foto: Divulgação

Para os foliões não chegarem em cinzas, mas bem-dispostos ao fim do Carnaval, os especialistas do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) indicam evitar os excessos durante as festas. Para isso, a orientação é fazer refeições leves, hidratar-se constantemente, principalmente se consumir bebida alcoólica, e manter a rotina de descanso com no mínimo 8h de sono por noite. Cansaço, mal-estar e enjoo são sinais de que o corpo precisa de repouso.

O Carnaval pode ser prova de resistência com as longas caminhadas sob sol forte, as refeições de baixo valor nutricional, o consumo de álcool além do habitual, e as pouquíssimas horas de sono. O resultado desse comportamento é o mal-estar físico e emocional.

Durante as festas, é aconselhável realizar refeições leves com legumes, verduras e frutas frescas. Para evitar alimentos diferentes dos habituais, o ideal é preparar lanches para comer durante um bloquinho e outro. Para quem for consumir bebida alcoólica, a dica é realizar pausas para hidratação com água potável. Também é importantíssimo descansar e dormir no mínimo por 8h para ocorrer o sono reparador.

Pessoa idosas devem manter a rotina de descanso, alimentação e hidratação o máximo possível para evitar mal-estar. As alterações metabólicas comuns do envelhecimento tornam necessário mais tempo de repouso para que a disposição seja mantida.

Atenção aos sintomas gripais. Durante o Carnaval é comum aglomerações, o que facilita a circulação de vírus. Para evitar o contágio de mais pessoas, faça repouso e, caso os sintomas se intensifiquem, procure por atendimento médico.

A especialista em emergências clínicas do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) Dra. Daniele Mansanoexplica que emendar a folia às atividades habituais pode ser uma escolha ruim. "Caso o corpo não tenha o tempo adequado para realizar a regeneração após as festas, a volta à rotina vai ser mais difícil. Por isso, os últimos dias do Carnaval devem ser de descanso", aconselha a especialista.

Fonte: www.iamspe.sp.gov.br/hospital-do-servidor-publico-estadual/


Março Azul Marinho: descubra 8 mitos e verdades sobre o câncer colorretal

Oncologista esclarece dúvidas sobre o tumor, que terá mais de 45 mil novos diagnósticos até o final de 2025


Foto: Divulgação


Com uma incidência crescente a partir dos 50 anos, o tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso, também chamado de cólon, ou no reto. Vale lembrar ainda que o principal tipo é o adenocarcinoma e, em cerca de 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, tornando-se malignos. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é estimado que no triênio 2023-2025 haja 45.630 casos da doença em homens e mulheres a cada ano.

Apesar de a doença muitas vezes ser silenciosa, o paciente deve observar se há alterações do hábito intestinal, tais como constipação, diarréia, afilamento das fezes, ausência da sensação de alívio após a evacuação (como se nem todo conteúdo fecal fosse eliminado), massas palpáveis no abdome, sangue nas fezes, dores abdominais, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza e sensação de fadiga”, explica Artur Ferreira, oncologista da Oncoclínicas São Paulo. Entre os fatores de risco destacam-se: consumo de dietas ricas em alimentos ultra processados e pobres em vegetais, alto consumo de carnes vermelhas, sobrepeso e obesidade, inatividade física, tabagismo e a presença de doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa. Fatores hereditários também são importantes, mas o especialista ressalta que eles exercem menor influência no surgimento do tumor colorretal do que as causas listadas.

Em boa parte dos casos, felizmente o câncer colorretal é curável. No entanto, é essencial que o diagnóstico aconteça precocemente, aumentando assim o sucesso do tratamento.

Por isso, é importante o rastreamento precoce, quando adequadamente indicado, para que o tumor seja identificado em sua fase inicial. "Diferentemente do câncer de mama, por exemplo, onde a doença é identificada com os exames de rotina geralmente em fase inicial, já instalado, o tumor colorretal pode ser descoberto em sua fase pré-cancerosa com a colonoscopia. Uma vez diagnosticado, a equipe multidisciplinar irá avaliar cada caso individualmente, selecionando as estratégias e opções mais adequadas a cada paciente", comenta o oncologista da Oncoclínicas São Paulo.

Os tratamentos para a neoplasia colorretal podem ser agrupados em dois tipos:

  •     Tratamentos locais (cirurgia, radioterapia, embolização e ablação): agem diretamente no tumor, sem afetar o restante do corpo. Podem ser realizados nos estadios iniciais da doença ou ainda em metástases isoladas
  •     Tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo): neste grupo, incluímos as drogas orais (comprimidos) ou endovenosas (na veia), aplicando diretamente na corrente sanguínea. Agem de maneira global no organismo e podem ser indicadas tanto com o objetivo curativo quanto paliativo.

Embora seja bastante prevalente, o câncer colorretal ainda é motivo de muitas dúvidas que acabam criando crenças que não correspondem à realidade sobre a doença e podem inclusive atrapalhar o diagnóstico e manejo. A seguir, o Dr. Artur Ferreira esclarece os dez principais mitos e verdades sobre a doença:

Todas as pessoas que têm câncer colorretal precisam usar bolsa de colostomia.

MITO. A colostomia (situação em que o intestino se exterioriza através de um orificio na parede do abdome para a eliminação das fezes) é uma estratégia utilizada apenas em alguns casos de câncer colorretal – por exemplo: após urgências médicas, como obstruções ou perfurações intestinais, cirurgias de emergência ou tumores localizados no canal anal ou na parte mais baixa do reto.

Com a evolução das técnicas cirúrgicas e a otimização dos cuidados ao paciente, a probabilidade de uma pessoa necessitar de colostomia reduziu drasticamente.

Quando necessário, o procedimento é realizado com o intuito de permitir a eliminação das fezes para uma bolsa coletora de forma temporária ou permanente, a depender do caso.

A colostomia temporária é indicada quando a doença que acomete o cólon pode ser tratada e há expectativa de reconstrução do trânsito intestinal em um futuro próximo. Já a colostomia definitiva é realizada quando o problema que bloqueia o trajeto intestinal não pode ser corrigido ou quando o tratamento cirúrgico envolve a remoção do ânus ou porção final do reto, tornando inviável a reconstrução do trânsito intestinal.

Quem tem intestino preso tem mais risco de desenvolver câncer colorretal.

DEPENDE. Em teoria, pode-se observar um risco aumentado do câncer colorretal em pacientes com intestino preso (constipação), pois tempos prolongados de trânsito do intestino podem aumentar o tempo de exposição da parede intestinal às substâncias que estimulam o surgimento do câncer presentes nas fezes (carcinógenos).

Além disso, a constipação altera a flora bacteriana local, e pesquisas recentes sugerem que infecções intestinais por bactérias específicas podem aumentar o risco de tumores colorretais.

Porém, deve ficar claro que intestino preso não é um fator clássico de risco e os resultados acerca desta relação são conflitantes. Merecem mais importância, neste contexto: idade, obesidade, sedentarismo, dietas ricas em carne vermelha e pobres em vegetais/fibras, diabetes e tabagismo.

Homens estão mais propensos a ter câncer colorretal.

VERDADE. A diferença não é tão grande (por isso não motiva diferenças nas diretrizes de rastreamento da doença de acordo com o sexo), mas existe. Em termos absolutos e em nível mundial, indivíduos do sexo masculino são mais propensos a ter câncer colorretal. A estimativa mundial para o ano de 2020 apontou cerca de 1,9 milhão de novos casos, cerca de 1,1 milhão de casos novos em homens e 800 mil casos novos em mulheres.

Se um pólipo for detectado, é certeza de que o câncer logo aparecerá.

MITO. É fato que a maioria dos tumores colorretais surge a partir da transformação maligna de pólipos intestinais, mas apenas uma pequena parcela desses pólipos progredirá para tumores. Por esse motivo, quando um pólipo é detectado no exame de colonoscopia, deve ser removido e analisado por um patologista.

Comer carne vermelha e carne processada em excesso pode levar ao câncer colorretal.

VERDADE. Dietas ricas em carne vermelha e em carnes processadas estão associadas a um maior risco de surgimento do câncer colorretal, conforme ratificado em relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2015. Em números, entende-se por consumo excessivo desses tipos de alimentos o que passe de 100 gramas por dia de carne vermelha e de 50 gramas por dia de carne processada. O ideal é que o consumo desse tipo de alimento seja limitado no máximo a duas vezes por semana e, nas outras refeições, substituído por carnes brancas, ovos, derivados de soja e outras fontes de proteína.

O câncer colorretal sempre apresenta sintomas - logo, se não houver dor na região, não é necessário se preocupar.

MITO. Isso é válido não apenas para os tumores colorretais, mas também para todos os tipos de tumores de forma geral: a ausência de sintomas não significa ausência de doença. Inclusive é importante destacar que nas fases iniciais, os tumores não costumam gerar sintomas e, quando presentes, eles podem ser confundidos com um mal estar passageiro, como uma dor abdominal inespecífica, perda de peso sem motivo aparente ou alguma mudança no padrão de evacuação. Por isso, é importante estar atento aos check-ups de rotina e respeitar as indicações de rastreamento orientadas pela equipe médica.

Algumas doenças inflamatórias podem aumentar o risco de câncer colorretal.

VERDADE. Entre os fatores relacionados ao surgimento de tumores colorretais, as doenças inflamatórias intestinais são causas bem conhecidas e associadas ao aumento do risco. Nos casos de retocolite grave e extensa, por exemplo, o risco de desenvolvimento de câncer colorretal pode ser 5 a 15 vezes maior em relação à população geral.

É possível prevenir sempre.

MITO. Dentre os fatores de risco do câncer colorretal, como dito anteriormente, é possível observar uma relação com os hábitos alimentares e de vida, além de condições prévias de saúde. Como forma de prevenção, o oncologista reforça que é necessário seguir algumas orientações.

"Deve-se investir em uma dieta rica em fibras e uma menor ingesta de carnes vermelhas e  processadas, praticar atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas e tabagismo e, manter ativo fisicamente e com peso adequado. Além disso, é importante investigar se o paciente possui doenças inflamatórias intestinais crônicas, como a doença de Crohn ou colite ulcerativa e, se presentes tratá-las. A observação de todos esses pontos certamente reduz em muito o risco, porém não o elimina por completo", finaliza Artur Ferreira.

Fonte: www.grupooncoclinicas.com/ 


Como curtir o Carnaval sem dor nos pés ou na coluna

Segundo o ortopedista Dr. Brasil Sales, problemas musculoesqueléticos são comuns durante a folia, mas podem ser evitados com um pouco de atenção


Bloco Terreirada desfila na Zona Norte do Rio. Foto: Fernando Maia/Riotur


Fantasias coloridas, blocos animados e muita dança fazem do Carnaval uma das festas mais esperadas do ano. Mas, para muitos foliões, o excesso de horas em pé, calçados inadequados e posturas incorretas podem resultar em dores na coluna e nos pés, atrapalhando a diversão. Para curtir sem desconforto, é essencial tomar alguns cuidados ortopédicos antes, durante e depois da festa.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), problemas musculoesqueléticos são comuns no Carnaval, especialmente entre aqueles que passam horas caminhando ou dançando em calçados sem suporte adequado. A sobrecarga na coluna, nos joelhos e nos pés pode causar inflamações, dores crônicas e até lesões mais sérias, tornando a prevenção fundamental.

Segundo o Dr. Brasil Sales, ortopedista, acupunturista e especialista em medicina intervencionista da dor, a escolha do calçado é um dos principais fatores para evitar dores e lesões durante as festas carnavalescas. “O ideal é optar por tênis ou sapatos com amortecimento e bom suporte para os pés. Sandálias rasteiras, chinelos e saltos podem sobrecarregar a coluna e as articulações, aumentando o risco de dores e lesões”, orienta.

Ele lembra que o uso de saltos muito altos pode, inclusive, causar entorses de tornozelo, joelho e fraturas. “Quanto maior o tamanho do salto, maior é a alteração da distribuição de peso nos pés”, diz o Dr. Brasil.

Como evitar dores nas articulações

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, aproximadamente 21,6% dos adultos brasileiros relataram sofrer de dor crônica na coluna, com maior prevalência entre mulheres e aumento significativo com a idade. “No Carnaval, foliões que já têm dor precisam redobrar os cuidados para não piorar a situação”, alerta o Dr. Brasil Sales. 

O médico explica que intercalar momentos de descanso durante a folia é fundamental para evitar sobrecarga nos joelhos e tornozelos. “Além disso, beber bastante água auxilia na lubrificação das articulações, diminuindo o impacto causado pelo esforço prolongado”, afirma.

O alongamento também deve ser colocado na lista de ações essenciais. “Alongar-se antes de sair para os blocos ajuda a preparar a musculatura e prevenir lesões. Após a festa, dedicar alguns minutos ao alongamento pode aliviar tensões e minimizar o risco de dores no dia seguinte”, explica o especialista.

Fantasia leve, coluna feliz

O peso das fantasias precisa ser um ponto de atenção para quem vai desfilar no Carnaval. Se forem muito pesadas ou exigirem movimentos repetitivos, podem causar dores na lombar e nos ombros, por isso, segundo o ortopedista, o ideal é escolher adereços leves e bem ajustados ao corpo.

Além disso, o Dr. Brasil Sales recomenda que os foliões evitem permanecer muito tempo na mesma posição e mantenham a postura ereta ao dançar e caminhar para reduzir o impacto sobre a coluna. “Se possível, o ideal é fazer pequenas pausas para alongar-se durante a folia para prevenir desconfortos”, diz ele.

O especialista ressalta que o Carnaval pode e deve ser aproveitado com energia e disposição, desde que o corpo seja preparado para o ritmo intenso da festa. “Escolher os calçados certos, respeitar os limites e manter a postura adequada são atitudes simples que fazem toda a diferença. Assim, é possível curtir cada momento sem preocupações com dores ou lesões”, finaliza o médico. 

Confiras as principais orientações para uma folia sem dor:

  • Uso de calçados adequados: é melhor optar por tênis ou sapatos com amortecimento e bom suporte; evitando chinelos, rasteirinhas e saltos para não sobrecarregar os pés e a coluna.
  • Alongamento antes e depois da folia: eles ajudam a preparar a musculatura antes de sair e aliviar tensões ao retornar.
  • Intercalar momentos de descanso: o ideal é evitar sobrecarga nas articulações alternando períodos de movimento e pausas.
  • Cuidados com o peso da fantasia: escolha adereços leves e bem ajustados ao corpo para evitar dores na lombar e nos ombros.
  • Postura correta: ao dançar e caminhar, é preciso manter a coluna alinhada e fazer pequenas pausas para alongar.

Sobre o Dr. Brasil Sales

Foto: Divulgação
Dr. Brasil Sales é ortopedista, acupunturista e especialista em medicina intervencionista da dor, com formação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Realizou residência em Ortopedia e Traumatologia no Núcleo Hospitalar Universitário (UFMS) e especialização em Cirurgia de Joelho na Clínica Ortopédica Cidade Jardim, em São Paulo. É membro de diversas sociedades médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

Atua em várias cidades do Mato Grosso, oferecendo tratamentos como viscosuplementação, infiltração de pontos-gatilho, mesoterapia, acupuntura, eletroestimulação e terapia por ondas de choque. Seu compromisso é proporcionar cuidados de saúde especializados e acessíveis, visando o alívio da dor e a melhoria da qualidade de vida de seus pacientes.

Para mais informações, visite o Instagram em: https://www.instagram.com/dr.brasilsales/

 

Dia da Audição: Você está escutando bem?

No Dia da Audição, 03 de março,  especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) dá dicas e alerta sobre como cuidar da saúde auditiva


Foto: Divulgação


A audição desempenha um papel de extrema importância na vida dos seres humanos, estando presente em sua  comunicação, aprendizado e na  conexão com o mundo ao redor. No Brasil, dados de 2023 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que 5% da população, ou seja, mais de 10 milhões de pessoas, vivem com deficiência auditiva, o que reforça a importância de se conscientizar sobre os cuidados da saúde auditiva.

A perda da audição tem se tornado uma preocupação global crescente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, cerca de 2,5 bilhões de pessoas poderão apresentar algum grau de deficiência. De acordo com o Dr. Fernando Balsalobre, otorrinolaringologista membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), a perda da audição, se não tratada adequadamente, pode afetar a qualidade de vida e até gerar problemas psicológicos, como a depressão, devido ao isolamento social.

Em grande parte dos casos a perda auditiva é causada devido a super exposição a ruídos e altos sons. A OMS alerta que ruídos acima de 75 decibeis (dB) são prejudiciais, e estudos do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) indicam que aproximadamente 1 bilhão de pessoas estão em risco devido à exposição excessiva ao ruído, especialmente em ambientes como shows, festas e locais de trabalho”, alerta o especialista.

Diante desse cenário alarmante, é fundamental a adoção de medidas preventivas, como também,  a realização de exames regulares, para preservar a saúde do ouvido e prevenir a sua perda precoce.  “A audição deve ser monitorada ao longo de toda a vida. Além de evitar exposições excessivas ao som, é essencial realizar exames periódicos, como a audiometria, que pode detectar problemas auditivos antes mesmo que os sintomas mais evidentes apareçam”, afirma o otorrinolaringologista.

Além disso, a manutenção de uma boa saúde auditiva também envolve cuidados com a higiene do ouvido. O uso inadequado de cotonetes, por exemplo, pode levar à formação de cerúmen impactado, que pode causar desconforto e até afetar a audição. "A perda auditiva pode ser silenciosa, muitas vezes surgindo de forma gradual. Por isso, é fundamental que as pessoas se atentem a qualquer alteração, como dificuldade para compreender conversas ou zumbido constante nos ouvidos”, complementa o Doutor Fernando.

Dicas de cuidados com a saúde auditiva:

1. Evite exposição a ruídos altos:  Se possível, use protetores auditivos em ambientes ruidosos.

2. Realize exames auditivos periódicos A detecção precoce de problemas auditivos é essencial.

3. Mantenha a higiene adequada dos ouvidos: Nunca insira objetos no canal auditivo.

4. Preste atenção em sinais de perda auditiva: Dificuldade em ouvir conversas ou zumbido nos ouvidos pode ser um sinal de alerta.

Sobre a ABORL-CCF 

Com 75 anos de atuação entre Federação, Sociedade e Associação, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica Brasileira (AMB), promove o desenvolvimento da especialidade por meio de seus cursos, congressos, projetos de educação médica e intercâmbios científicos, entre outras entidades nacionais e internacionais. Busca também a defesa da especialidade e luta por melhores formas para uma remuneração justa em prol dos mais de 8.600 otorrinolaringologistas em todo o país.