"Eclipse", livro tema dessa Leitura Coletiva, fala sobre corpos que recusam o apagamento e insistem em viver, amar e serem ouvidos
Eclipse, de Hermes Coêlho, nasceu de uma experiência íntima: a descoberta e a convivência com o HIV. O diagnóstico, recebido há seis anos, levou o jornalista e escritor a transformar inquietações e dores em poesia. Cada verso se tornou uma resposta ao estigma que associa a soropositividade à culpa, à exclusão e à morte.
Dividido em quatro partes, o livro percorre as etapas da vivência dura com o vírus, desde o choque do diagnóstico até a reconstrução da autoestima. Com a metáfora do eclipse, um evento breve, potente, onde dois astros se cruzam e encobrem a luz por instantes, Hermes expressa o sexo como um encontro de corpos, de desejo e de cura.
“gritam as néscias ruas
melhor viado morto
do que soropositivo
elas quase conseguiram
me convencer a ter
minha sina interrompida
mas meu verso quer vida”
(eclipse, p.37)
Os versos confidenciam um percurso íntimo e visceral, de alguém que morre e renasce tantas vezes. Com frases curtas e claras, Hermes mistura termos do cotidiano e referências literárias simbólicas. A forma dos poemas valoriza pausas e cortes, o que dá ritmo à leitura. Nas palavras do prefaciador da obra, Pedro Jucá, “a poesia sangra, pulsa e invoca”. O resultado é um conjunto direto na linguagem e preciso na construção.
A escrita do autor é ideal para quem deseja se emocionar, rir ou mesmo ficar sem fôlego em algumas passagens. Sem recorrer a fórmulas de superação, os poemas revelam o processo de reencontro com um corpo possível e digno, enquanto Hermes revisita memórias, evoca mitologias e entrelaça erotismo, fé e identidade em uma narrativa íntima e ao mesmo tempo coletiva.
Corpos existem, amam e resistem! Precisam ser ouvidos.
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Sobre o autor: Hermes Coêlho nasceu em Teresina, Piauí, em 1977. Formado em jornalismo pela Universidade Estadual do Piauí, atuou nas afiliadas das TVs Globo, Record e Brasil em sua terra natal. Também fez parte da equipe da Rádio Antares e do Jornal O Dia, onde publicou crônicas sobre o cotidiano piauiense e nacional. Desde 2010, é repórter e editor da TV Senado, em Brasília.
Já a poesia sempre esteve nas veias. Em 2000, ao vencer o Concurso Novos Autores, recebeu o prêmio Cidade de Teresina pelo livro “Nu”, publicado em 2002. Em 2023, lançou, pela Patuá, “Violado”. “eclipse” conclui o que o autor define como sua Trilogia do Trauma.
Instagram: @hermescoelho
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